"resenha" sobre Aristóteles e Dante

Eu prometi uma resenha de Aristóteles e Dante Descobrem Os Segredos do Universo, mas não tenho maturidade para fazer uma crítica ou uma análise objetiva. Então vou fazer o que consigo, que é balbuciar de forma pouco coerente e apaixonada.

Têm alguns livros que você quer que todo mundo leia. Livros YA (nomeados pela faixa etária que pretendem atingir, Young Adult) costumam ser assim. Depois de terminar Jogos Vorazes, você quer que outras pessoas leiam para poder falar a respeito, mandar mensagens em caps lock, possivelmente gritar de forma histérica.
Agora, algumas vezes, acontece uma coisa diferente. Você lê um livro que se aloja muito perto do seu coração, sente as palavras se entranhando na sua cabeça e ressoando nas suas costelas e tudo o que você é canta de volta. Esse não é o tipo de acontecimento sobre o qual se grita, é o tema de conversas sussurradas, de adjetivos curtos e dramáticos.
Eu não consigo gritar sobre Aristóteles e Dante Descobrem Os Segredos do Universo.


"Eu quero ler, mas tenho medo," uma amiga me disse outro dia. "Porque eu já vi gente que amou e gente que odiou."
"Se você não gostar, não me conta," respondi.
Não li críticas sobre o livro, então não sabia que algumas pessoas tinham odiado. Fiquei curiosa para saber com base no que justificam esse ódio, mas não consigo me fazer procurar. Acho que doeria.
(Tem um anime chamado Hyouka que é outra coisa sobre a qual não consigo gritar. As opiniões sobre ele são sempre bastante drásticas - ou aversão total, ou afeição que queima. Fico na segunda metade, mas compreendo porque é possível ter outra opinião. O problema com Aristóteles e Dante é que não consigo começar a imaginar motivos para não gostar do livro, porque imagino que seja tudo o que me faz amá-lo.)

Nunca fui do tipo que escreve em livros. Meus pais sim, mas eu sempre tive uma reverência que me impedia de sequer considerar aproximar um lápis de um livro. Não conseguia entender porque era preciso rabiscar o livro quando existe a possibilidade de copiar as frases boas em outro suporte.
Minha primeira leitura de Aristóteles e Dante foi em formato digital. Logo depois que terminei, saí em uma missão de busca por uma cópia física, porque eu precisava segurar aquelas palavras nas mãos e passar os dedos pela tinta e aproximar o livro do rosto. Quando consegui, cheguei em casa, selecionei meu lápis mais bonito, novo, que ainda não tinha tido coragem de usar. Sentei na poltrona. Pouquíssimas páginas escaparam de alguma interferência, e é mais raro achar uma frase limpa do que sublinhada.
Não me senti culpada.

O livro é construído em frases curtas, metáforas dolorosas, emoção crua e poesia. Não poesia versada; simplesmente poesia.


Aristóteles Mendoza não sabe lidar com ter 15 anos. Eu também não soube. Quando li o livro, aos 17, ainda não sabia. Agora, aos 19, continuo sem saber. Isso com certeza é parte do motivo pelo qual o livro faz tanto sentido pra mim.


Ari tem 15 anos, nenhum amigo, uma sombra de irmão mais velho que o acompanha para todos os lugares. Ari sente tédio, raiva e tristeza. Ele acumula silêncios. Vazios. E então, em um dia das férias de verão, ele conhece Dante, uma daquelas pessoas mágicas que, mesmo sem ter ideia do que está fazendo com a própria vida, consegue nos fazer ver um caminho para fora da nossa própria bagunça.
É uma história sobre amadurecimento e sobre se tornar quem você é, sobre solidão e sobre falar sem conversar, sobre aprender a deixar o mundo entrar na sua conchinha. É uma história de amor, tantos, tantos, tantos tipos de amor. Ari, como seu xará da Antiguidade, quer conhecer os segredos do universo; e o universo é muito mais do que essa massa misteriosa de espaço, tempo e matéria escura.

Esse livro me faz chorar e rir em igual medida. Eu sinto que nunca paro de lê-lo, mesmo quando está na estante. Você devia ler também. Mas, se não gostar, por favor não me conte.

(ノ◕ヮ◕)ノ*:・゚✧

p.s. prepare-se para ter muitos sentimentos sobre passarinhos e chuva. principalmente chuva.

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